Puerpério

Publicado em 30 de junho de 2025
Gestação

A aventura em casa começou! Com o coração cheio de alegria e um pouco de aprendizado à frente, o bebê chega para transformar o lar. Os próximos dias serão de adaptação para todos, mas há uma grande expectativa para construir novas memórias. 

Nos primeiros dias, é comum que o bebê troque o dia pela noite, pois ele ainda está se adaptando à rotina. Mesmo com a ansiedade, priorize o seu descanso​.​ Durma quando o bebê dormir, mesmo que seja durante o dia. Essa prática ajuda a repor as energias e a lidar melhor com as demandas da maternidade.


O apoio do(a) seu(ua) parceiro(a) é fundamental para o sucesso da amamentação! 

Uma dica importante: antes de pegar o bebê, não se esqueça de lavar bem as mãos com água e sabão. E, para a amamentação, procure um lugar calmo e silencioso. 

A higienizaçãodo umbigo do recém-nascido deve ser feita com álcool 70% uma vez aodia. 

Para te ajudar com as novas demandas, leia a caderneta da criança que você recebeu no hospital. E não se esqueça de cuidar de você também: alimente​-se​ bem, beba bastante água e evite álcool e cigarro, assim​,​ você protege a saúde do seu bebê.

Parto normal:​ se houver laceração, lave a região com sabonete durante o banho ou após evacuar, seque bem e aguarde a queda natural dos pontos. É normal sentir dor durante a cicatrização. 

Parto cesárea: ​m​antenha a cicatriz da cesárea limpa, lavando com sabonete durante o banho e secando bem. A retirada dos pontos será feita na UBS entre 7 e 10 dias após o parto.

O puerpério é um momento de muitas mudanças​ para a mulher​, tanto físicas quanto emocionais. A adaptação à rotina com o bebê, a falta de sono e as oscilações hormonais são desafios comuns nessa fase. 

É normal se sentir mais sensível. Mas lembre-se​ de que​​ essa fase vai passar e​ que​ você não precisa passar por tudo sozinha. Peça ajuda ao​(à)​ seu​(ua)​ parceiro(a) e à sua rede de apoio. Se os sentimentos persistirem ou ficarem mais intensos, não hesite em procurar ​um​a Unidade Básica de Saúde para orientações. 

A rede de apoio é formada por familiares, amigos, babás, enfermeiros, profissionais de creche ou escolinha, entre outros. Aqui estão algumas tarefas que você pode ​​​delegar ​para facilitar:​     ​ 

  • Trocar fraldas, dar banho, fazer o bebê arrotar e acalmá-lo, especialmente à noite, para que você consiga descansar; 
  • Caso não consiga amamentar exclusivamente, pe​dir​ para ​que ​prepar​em​​ as mamadeiras e aliment​em​ o bebê; 
  • Levar o bebê para passear enquanto você aproveita para tomar um banho relaxante ou descansar um pouco; 
  • Suporte para fazer as compras; 
  • E, claro, contar com alguém para ouvir, conversar e oferecer apoio emocional quando necessário.

Durante o puerpério, o corpo da mulher passa por muitas mudanças físicas, hormonais e emocionais. Algumas das transformações mais comuns são: 

Barriga inchada e cólicas: o útero ainda está voltando ao normal, e as dores podem piorar durante a amamentação​,​ devido à ocitocina, que estimula as contrações uterinas; 

Flacidez: a pele se estica com o crescimento do bebê e pode ficar mais ​flácida ​após o parto;

Sangramento vaginal: o fluxo sanguíneo é natural, pois o corpo está expulsando os restos da placenta e ​as ​secreções do útero. Se ​você ​perceber um fluxo anormal​,​ procure atendimento ​em uma​ Unidade Básica de Saúde. 

Mamas endurecidas: devido à produção de leite.³ 

Na gravidez, é normal que o peso aumente, com a recomendação variando de 11 ​kg ​a 14,5 kg, mas muitas mulheres ganham um pouco mais. Esse ganho pode afetar a autoestima, mas lembre-se de que seu corpo passou por grandes mudanças para trazer uma nova vida ao mundo.4 

Para ajudar a voltar à rotina e se sentir melhor, você pode começar a fazer exercícios de forma leve, mas apenas após 15 dias do parto normal ou 30 dias após a cesariana. Caminhadas deixam os músculos mais fortes e melhoram a circulação. Além disso, os ​​exercícios de Kegel são ótimos para fortalecer o assoalho pélvico.4 

O puerpério pode causar ansiedade, exaustão e sintomas depressivos. Há também um período de luto, ​em que ​suas necessidades podem ser deixadas de lado em função das ​demandas ​do bebê. Cerca de 70​%​ a 90% das mulheres passam por esses sintomas de forma mais leve e transitória.​​​​ 

No entanto, algumas podem enfrentar a depressão pós-parto, com sintomas mais graves​,​ como falta de apetite, pensamentos destrutivos e até rejeição ao bebê. S​e​​​ isso acontecer, é importante buscar ajuda profissional e contar com sua rede de apoio para conversar e superar esse momento.

Descubra como se recuperar e praticar o autocuidado após a chegada do bebê.​     ​ 

Repouso e sono 

Durma quando o bebê dormir, mesmo que sejam cochilos curtos durante o dia.

Alimentação nutritiva 

Mantenha uma dieta equilibrada, com frutas, verduras, proteínas magras e grãos integrais, evitando alimentos ultraprocessados, açucarados e gordurosos.

Se algum alimento causar irritação ou cólicas no bebê, evite-o por um tempo e observe se há melhora. 

Beba bastante água ao longo do dia 

A hidratação é essencial para a produção de leite, ​o ​bom funcionamento do organismo e ​     ​a recuperação da pele. 

Cuidado com a higiene íntima 

Mantenha o corpo limpo com água e sabonete neutro, principalmente se tiver tido laceração ou episiotomia. Seque bem a região após o banho.

Cuidados com a cicatriz da cesárea 

Lave a cicatriz com água e sabão neutro durante o banho e seque bem. Siga as orientações médicas sobre curativos e retorno para ​a ​retirada dos pontos se necessário.

Troque o absorvente a cada três horas 

Evite usar pap​el​ higiênico nas primeiras semanas após o parto.

Evite bebidas alcoólicas e cigarro 

Eles são muito prejudiciais à sua saúde e ​à​ do bebê.

Tome sol 

A luz do sol ajuda o corpo a ativar a ​v​itamina D​, que é​​ ​importante para manter seus ossos saudáveis e controlar o apetite.

Faça atividades físicas 

Inicie atividades físicas leves, como caminhadas, alongamentos e exercícios de baixo impacto.

A amamentação é muito mais do que apenas nutrir o bebê, é um gesto profundo de conexão, amor e cuidado que impacta de maneira positiva o desenvolvimento físico, emocional e imunológico da criança. Desde os primeiros momentos após o nascimento, o leite materno se apresenta como um alimento completo e ajustado às necessidades específicas do bebê.1

O colostro é o primeiro leite produzido após o parto, sendo mais espesso e rico em nutrientes e anticorpos. Ele fortalece o sistema imunológico do bebê e o protege de infecções nos primeiros dias de vida.1 


A produção de leite materno aumenta conforme o bebê mama. Por isso, ofereça o peito sempre que ele demonstrar sinais de fome, sem se preocupar com horários fixos. Deixe o bebê mamar até esvaziar uma mama​, antes de passar para a outra.  

Se ele não esvaziar completamente uma mama, comece a próxima mamada por ela. Nos primeiros seis meses, o leite materno ​será​​​ o único alimento necessário para o bebê​, não ofereça chás, água, mingaus ​nem​​ou​ outros leites.1


Quando a mãe ​con​vive com HIV ou HTLV, a amamentação pode representar risco de transmissão ao bebê. O SUS oferece uma fórmula infantil gratuita para garantir a nutrição adequada e segura ao recém-nascido.1


Para o bebê​1​​

  • É completa e​ nutritiva, protegendo ​​contra doenças, ​infecç​ões​​, alergias, asma​ e, desnutrição; 
  • Fortalece o vínculo ​entre a ​mãe e​ o​ bebê; 
  • Previne problemas dentários e respiratórios.​ 

Para a mãe1 

  • Contribui para que o útero retorne ao tamanho normal mais rapidamente;
  • Reduz o risco de hemorragia e anemia após o parto;
  • Proporciona maior contato entre ​ela ​e o ​bebê;
  • Ajuda na recuperação mais rápida d​o ​​peso; 
  • Diminui o risco de câncer de mama no futuro; 
  • É mais econômica; 
  • É prática e segura: o leite está sempre pronto, fresco, na temperatura ideal e não estraga.

O Ministério da Saúde recomenda a amamentação até os dois anos de idade ou mais, sendo que, nos primeiros 6 meses, o bebê deve receber exclusivamente leite materno.7


  1. O bebê deve abocanhar ​a ​aréola, a parte escura do bico​ do seio​; 
  2. Não ofereça chupeta​s​ para o bebê, pois ​isso ​pode atrapalhar a pega e a sucção. 
  3. Lave seu peito só com água e mantenha o sutiã seco; 
  4. Se houver rachaduras nos mamilos, verifique se a pega do bebê está correta e tente ajustar a posição em que ele mama; 
  5. Tome sol nas mamas​,​ de manhã ou à tarde. 
  6. Se as mamas estiverem muito cheias ou endurecidas, é preciso retirar o excesso de leite, o que ajudará a aliviar o desconforto e facilitará a pega do bebê.1
Se você produz mais leite do que o necessário, pode se tornar doadora de leite materno. 
  1. Escolha sutiã​s​ de alças largas, que sustentem bem as mamas.  
  2. Não passe pomadas, cremes ​nem​ sabonetes na região escura das mamas e mantenha os seios secos. 
  3. Tome banho de sol de 15 minutos ao dia, no início da manhã, cedinho (entre 6​ e​ 8 horas) ou no fim de tarde (depois das 16 horas).  
  4. Se o leite ficar empedrado, causando dor, vermelhidão ou aumento de temperatura na mama, você pode massagear e retirar o excesso de leite para aliviar. Caso necessário, procure ​uma​ unidade de saúde ou ​um​ banco de leite ​humano ​para orientações.

A massagem deve ser circular e do bico do seio para cima.​

Depois da chegada do bebê, começa uma nova fase: o resguardo. É um tempo para você se cuidar e se recuperar das transformações da gravidez e do parto.  

O resguardo dura, no mínimo, 45 dias, mas pode se estender para quem amamenta. Nos primeiros 40 dias, é aconselhável evitar relações sexuais para que seu corpo se recupere completamente, seja qual for o tipo de parto que você teve.

Durante a amamentação, o corpo produz mais prolactina, o hormônio responsável pela produção do leite. Essa alta de prolactina​ ​acaba inibindo a ovulação e​,​ consequentemente, ​provoca ​a queda d​e​​ ​estrogênio e progesterona. 

Essa diminuição do estrogênio afeta principalmente a vida sexual, causando secura vaginal e tornando as relações desconfortáveis.  

Uma boa forma de contornar esse problema é usar lubrificantes à base de água e conversar com seu(ua) parceiro(a).

É totalmente normal e esperado que, após o parto, sua atenção e ​sua ​energia estejam quase que totalmente voltadas para o seu bebê. ​O​ planejamento familiar é algo que geralmente é abordado nas consultas médicas​. Para isso, ​o uso de anticoncepcionais pode ser recomendado. 

Para evitar infecções e uma nova gravidez, a camisinha é uma ótima opção. Mas existem outros ​​métodos também, como o implante, o DIU e a pílula só de progesterona. 

Se você estiver amamentando só no peito e a sua menstruação ainda não tiver voltado até o bebê completar seis meses, a amamentação em si pode ajudar a evitar uma gravidez, sabia? É o que chamamos de método da amenorreia lactacional.​     ​ 

O mais importante é conversar com seu ginecologista. Ele vai te ajudar a escolher o melhor método para o seu caso, levando em conta a sua saúde e o que funciona melhor para você.

O último dia da licença​-​maternidade anuncia o retorno a um mundo que, de certa forma, ficou em pausa. O coração se divide entre o desejo de estar integralmente com o bebê e a necessidade de ​se ​reconectar​ à sua​ vida profissional.  

Construir uma rede de apoio, com familiares, amigos ou grupos de mães, ajuda a dividir experiências e d​á​ apoio para fortalecer a sua jornada!

  • Planeje com antecedência quem cuidará do bebê; 
  • Prepare o bebê para essa nova fase​ -​​ ​você pode sair de casa aos poucos para prepará-lo; 
  • Respeite seus limites, você não precisa dar conta de tudo; nem ultrapasse seus limites; 
  • Expresse o que sente. 

É importante! 

A mãe tem direito a dois descansos especiais de meia hora cada durante a jornada de trabalho para amamentar o bebê.​

Maternidade e carreira
A maternidade traz novas habilidades​,​ como organização multitarefa e resiliência, que fortalecem a mulher em diversas áreas da vida.

Reconhecer essa transformação é um verdadeiro empoderamento, uma celebração da força feminina. Conciliar trabalho e maternidade exige equilíbrio, mas confie no seu ritmo, você consegue!

Referências 

  1. BRASIL. Ministério da Saúde.  Caderneta da Gestante. 2018. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2019/02/Caderneta-da-Gestante-2018.pdf. Acesso em: 20 de jan. de 2025.   
  2. Puerpério: como ser rede de apoio para uma recém-mãe [internet]. www.unimed.coop.br. 2017. Disponível em: https://www.unimed.coop.br/viver-bem/pais-e-filhos/puerperio-como-ser-rede-de-apoio-para-uma-recem-mae. Acesso em: 20 de jan. de 2025.   
  3. Puerpério: o que é, duração e como lidar [internet]. nav.dasa.com.br. Disponível em: https://nav.dasa.com.br/blog/puerperio. Acesso em: 24 de jan. de 2025. 
  4. SOGESP – #Examina – Ganho de peso na gestação: até quanto é normal? [internet]. www.sogesp.com.br. Disponível em: https://www.sogesp.com.br/saude-mulher/blog-da-mulher/examina-ganho-de-peso-na-gestacao-ate-quanto-e-normal/. Acesso em: 24 de jan. de 2025. 
  5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.  Cuidados com a gestante e o puerpério: cuidados da mulher no ciclo gravídico-puerperal. Brasília: 2005. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/is_digital/is_0204/pdfs/IS24(2)051.pdf. Acesso em: 24 de jan. de 2025. 
  6. UECE – Universidade Estadual do Ceará. Cartilha: Saúde e bem-estar no pós-parto. 2020. Disponível em: https://www.uece.br/ppgcc/wp-content/uploads/sites/55/2020/03/Cartilha-Sa%C3%BAde-e-bem_estar-no-p%C3%B3s_parto.pdf. Acesso em: 24 de jan. de 2025. 
  7. Cuidado Materno Infantil | Puerpério | Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais [internet]. Mg.gov.br. 2023 [cited 2025 jan. 27]. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/cuidadomaterno/puerperio/. Acesso em: 24 de jan. de 2025. 
  8. Filizola, P. Mudanças hormonais durante o puerpério afetam vida sexual da mulher [internet]. Metrópoles. 2019 [cited 2025 jan. 27]. Disponível em: https://www.metropoles.com/saude/mudancas-hormonais-durante-o-puerperio-afetam-vida-sexual-da-mulher. Acesso em: 24 de jan. de 2025. 
  9. CARTILHA DE ORIENTAÇÃO À TRABALHADORA GESTANTE E LACTANTE DA FIOCRUZ [internet]. Disponível em: https://fiocruz.br/sites/fiocruz.br/files/documentos/cartilha_enfermagem_final_10082021.pdf. Acesso em: 24 de jan. de 2025.